Projetando uma Arquitetura do Zero: Um Passo a Passo Completo

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Vamos falar sobre algo que todo arquiteto de software já se deparou: como projetar uma arquitetura do zero! Não se preocupe, esse artigo não vai ser uma viagem técnica chata e sem fim. Pelo contrário, vou te guiar por cada etapa desse processo, usando uma abordagem leve e com alguns insights práticos das minhas experiências ao longo dos anos. Se você está planejando projetar um sistema novo ou simplesmente quer entender melhor o que está por trás de uma boa arquitetura, está no lugar certo.

1. O Bom e Velho Levantamento de Requisitos

Eu sei, eu sei… você já ouviu isso um milhão de vezes, mas deixa eu te dizer: o levantamento de requisitos é como escolher o terreno onde você vai construir sua casa. Se você ignorar esse passo ou fizer de qualquer jeito, as chances de dar problema depois são altíssimas.

Requisitos funcionais são aquelas coisas que o sistema precisa fazer de forma tangível. Pense em algo como um sistema de restaurante: "lançar pedidos", "cadastrar novos produtos", e por aí vai. Já os requisitos não funcionais são mais sutis, mas igualmente importantes. Eles definem aspectos como a volumetria que a arquitetura precisa suportar (vai ter 100 ou 100 mil usuários?), a segurança (quais mecanismos de proteção vou implementar?) e a escalabilidade. São essas informações que vão determinar se seu sistema vai sobreviver a um pico de acessos ou cair igual um castelo de cartas na Black Friday.

Um bom arquiteto sabe que passar tempo nesse levantamento não é perda de tempo, mas um investimento. Para mim, esse processo é a base para definir a direção de todo o projeto. Afinal, ninguém quer criar um sistema que só aguenta até o primeiro aumento de demanda, né?

2. Segregação dos Domínios e Contextos Delimitados

Depois de mapear os requisitos, é hora de organizar os domínios. Pense nisso como montar as divisões de um apartamento: cada cômodo tem uma função, e você não quer misturar tudo no mesmo lugar, certo? O mesmo vale para a sua arquitetura.

Cada domínio é uma área específica do sistema. Vamos pegar o exemplo de uma farmácia online: você pode separar o sistema em domínios de estoque, fluxo de caixa e cadastro de clientes. Cada um desses domínios vai ter seus próprios dados e funcionalidades, e manter essa divisão clara ajuda a evitar aquele temido acoplamento excessivo.

Ao usar essa estratégia de contextos delimitados, você facilita não só a manutenção, mas também a escalabilidade. Quer adicionar um novo módulo? Sem problemas, porque cada parte está bem separada. Quer migrar parte da arquitetura para outro serviço? Tranquilo, porque seus domínios estão bem delimitados. Essa abordagem é amplamente recomendada por especialistas como Eric Evans, o pai do Domain-Driven Design (DDD). Ele sempre reforça a importância de deixar os contextos bem claros para evitar confusão e garantir que cada área funcione de forma independente.

3. Diagramas Arquiteturais: Hora de Desenhar

Com os domínios em mãos, agora vem a parte que muita gente acha complicada, mas que pode ser bem divertida: os diagramas arquiteturais. Lembra quando você fazia desenhos na escola? É quase a mesma coisa, mas com caixinhas e setinhas! 😅

Aqui, você pode usar desde os tradicionais diagramas UML (como de casos de uso ou de sequência) até algo mais específico como o C4 Model, que é o meu preferido. Ele permite que você visualize a arquitetura de forma progressiva, começando com uma visão geral (L1) e depois mergulhando nos detalhes dos componentes (L2, L3…). Isso ajuda a ter uma visão tanto macro quanto micro do sistema.

Mas os diagramas não são apenas estéticos. Eles são essenciais para tomar decisões críticas, como:

  • Microserviços ou Monolito? Essa é a primeira pergunta. Se o sistema é pequeno e vai crescer devagar, um monolito pode ser mais simples de gerenciar. Mas se você já sabe que ele vai crescer, microserviços podem ser a escolha certa.
  • Eventos ou APIs? Se sua aplicação é reativa, com muitas interações assíncronas, uma arquitetura orientada a eventos pode ser ideal. Mas se você precisa de respostas rápidas e diretas, talvez a boa e velha API resolva.
  • Banco de dados Relacional ou NoSQL? Depende do tipo de dado que você vai lidar. Estruturas muito definidas? Vai de relacional. Dados flexíveis e de grande volume? Pode ser que um NoSQL seja a melhor escolha.

Tomar essas decisões com base nos requisitos que você já levantou vai garantir que a arquitetura fique coerente, escalável e resiliente.

4. Documentação Final: O Blueprint da Arquitetura

Aqui chegamos à última etapa, mas definitivamente não menos importante: a documentação final. Já ouviu falar no famoso Blueprint dos arquitetos civis? A ideia é a mesma, só que no mundo do software. Esse documento vai guiar o desenvolvimento do sistema do início ao fim, servindo como uma espécie de “manual de instruções”.

Nele, você deve incluir:

  • Descrição dos serviços que foram desenhados nos diagramas.
  • Payloads trafegados (afinal, quem não gosta de saber o que vai e volta nas requisições?).
  • Diagrama de sequência mostrando a ordem dos eventos.
  • Tecnologias utilizadas (não adianta só desenhar; você precisa dizer o que vai usar).
  • Modelos de entidade e relacionamento.
  • Plano de continuidade e resiliência (o que fazer se algo der errado?).
  • Estratégias de segurança (cripto, firewalls, autenticação, etc.).
  • Planejamento de testes e de custos (afinal, tudo tem um preço, não é mesmo?).

Além de orientar o desenvolvimento, o Blueprint serve como uma documentação completa da sua arquitetura. Isso significa que você não só terá um sistema funcionando, mas um sistema documentado (e isso é raro!). Como o autor Martin Fowler destaca, a documentação é parte vital do processo, pois ela garante que o projeto mantenha sua coerência e possa ser mantido e atualizado por outros no futuro.

Conclusão: Arquitetura é uma Obra em Progresso

Projetar uma arquitetura do zero é como desenhar um mapa para uma viagem épica: você precisa planejar cada detalhe, mas também ter flexibilidade para ajustar o percurso. O segredo está em ouvir os requisitos, organizar os domínios, tomar decisões baseadas na experiência, e, claro, documentar tudo com clareza.

Esse método tem funcionado bem para mim ao longo dos anos, mas como toda boa arquitetura, é sempre um trabalho em progresso. Cada novo projeto traz lições, e a busca pela melhoria contínua é o que mantém o trabalho de arquitetura de software tão emocionante e desafiador.